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Minhas Memórias - Capitulo 32

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   Capítulo 32 – Nova Friburgo Eu preciso detalhar os acontecimentos anteriores à minha candidatura a presidente do Sind-Justiça RJ.Como tudo aconteceu, como cheguei lá, por que eu? Continuando... Eu me apresentei para trabalhar no fórum de Nova Friburgo em 2 de junho de 1985. Foi difícil me adaptar ao regime de trabalho do servidor público; eu nunca havia tido qualquer vínculo com um regime estatutário. No período de janeiro até o dia da minha apresentação, tive a companhia de uma mulher maravilhosa, seu nome também era Ana – a segunda Ana da minha vida. Namoramos por um tempo. Lembro-me de uma noite em que o pessoal da casa saiu para a balada, Ana tinha um compromisso inadiável, e eu fiquei sozinho. A casa tinha uma grande varanda na frente, tipo um terraço.  Na varanda, havia uma piscina redonda, dessas montáveis, onde passávamos as manhãs e as tardes dos finais de semana. Algumas cadeiras de praia ficavam espalhadas em torno dela. Sentei-me em uma cadeira e fixei o ol...

Minhas Memórias - Capitulo 31

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   Capítulo 31 - O Marabá Quando cheguei com a notícia no Marabá, a alegria foi tanta que o povo resolveu fazer uma festa. A casa era de fato festeira; tudo era motivo e/ou pretexto para convidar os amigos. As festas eram frequentadas por artistas da TV, cantores, escritores, jornalistas, gays, lésbicas, e até mesmo alguns moradores de rua se aproveitavam da confusão criada, com a presença de tanta gente, para entrar de penetras. O Gerson era um jornalista conceituado no seu meio. A Rua Teodoro da Silva ficava engarrafada pelo intenso movimento dos carros dos convidados. O consumo de bebidas e drogas era comum. Embora Gerson não bebesse, não fumasse e nem usasse qualquer tipo de droga, os convidados tinham total liberdade. O sexo também era protagonista. Havia uma caixa-d’água na parte superior do terreno, nos fundos da casa. Era um lugar escuro, não havia ponto de luz, e os convidados transavam dentro dela; tínhamos que fazer uma limpeza geral ao fim de cada festa. No dia seg...

Minhas Memórias - Capitulo 30

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  Capítulo 30 - O Jornalista  Neste capítulo, vou preencher algumas lacunas com informações que serão necessárias para o esclarecimento dos próximos acontecimentos e que não foram mencionadas em capítulos anteriores. 1. Assim que voltei de Mato Grosso, enquanto procurava emprego e ainda morava no apartamento da Dona Guiomar, foi anunciado a abertura de um concurso público para o Judiciário estadual. Os salários não eram convidativos e havia pouquíssimas vagas para milhares de candidatos. O grande chamariz do concurso era a estabilidade. A avó do Paulo, por sua conta, pagou as nossas matrículas e nos obrigou a fazer as provas. A irmã mais velha dele (na verdade, era tia) trabalhava como escrevente do 9º Ofício de Notas e fez as nossas inscrições. Eu já havia participado de um concurso em Cuiabá e, mesmo sem estudar, passei em primeiro lugar. — "Por que não tentar um concurso público no Rio de Janeiro?" O resultado das provas demorou tanto a sair que eu fui trabalhar na Golden ...

Minhas Memórias - Capitulo 29

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    Capítulo 29: A Viagem- Segunda Parte   Aquele acidente, onde quase perdi meus dedos, foi o divisor de águas. Minha vontade era voltar para casa, mas... que casa? Mato Grosso não fazia mais sentido na minha vida. Várzea Grande ficou pequena. Sem trabalho, com casamento marcado... eu não estava feliz, tudo me incomodava. Eu só precisava do salário de um mês de trabalho para comprar uma passagem de volta para o Rio de Janeiro. Já estávamos em dezembro. Deixei Ana Zilda em casa e fui caminhando até o barraco, a cabeça fervilhando. Era como se alguém me seguisse, eu estava inquieto.  - "Era aquilo que eu queria de verdade?" Não, eu não queria mais casar, não queria passar o resto da minha vida em Várzea Grande, eu queria voltar para a minha terra e recomeçar. Ana sofreria um golpe, com certeza, mas o certo a se fazer era conversar com ela. Tomei um banho. Ao deitar, uma luz intensa surgiu repentinamente por trás e acima da minha cabeça. Levantei na intenção de apagar ...

Minhas Memórias - Capitulo 28

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  Capítulo 28 - A Viagem (O Acidente) A prova consistia em perguntas sobre matemática, português e uma redação sobre a história do petróleo e sua importância para o Brasil. Eu levei aproximadamente uma hora para concluí-la e fui o primeiro a sair da sala; não estava nada fácil. Eu sempre fui bom em redação e gostava de acompanhar as páginas de política nos jornais. Nunca me considerei um sujeito burro ou alienado, mas também nunca me considerei um cara inteligente. Eu apenas tentei, achei que devia fazer o teste, e foi o que fiz. O resultado só sairia na semana seguinte. Eu não estava disposto a ficar à toa, esperando um resultado que podia não ser o desejado. Então, aproveitei o resto da semana para procurar emprego na área de vendas. Ganhei um bom dinheiro vendendo lotes para o Chico e acreditei ser possível continuar na área. Fui visitar as imobiliárias de Cuiabá à procura de uma vaga. O que eu não sabia é que vender terras exigia credencial e autorização de um órgão: o CRECI. S...

Minhas Memórias - Capitulo 27

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    Capítulo 27 - Sempre surpresas! A temporada de chuvas se estendeu até maio. Nos primeiros três meses, nos divertimos conhecendo a cidade e participando da vida dos nativos. Ana Zilda, Linda e Edilson nos ciceronearam por todos os pontos de Várzea Grande e de Cuiabá. O lugar de que mais gostamos foi o Bico Doce, um bar de calçada localizado em uma esquina no centro de Várzea Grande. Frequentado pela juventude local, era o point da cidade. Era o ponto de partida para todos os lugares: parques, boates, restaurantes, churrascos em fazendas. Todos os programas começavam lá. Foi um período divertido; esquecemos de Rondônia, das chuvas e do propósito daquela viagem. Estávamos despreocupados. Sob a direção do Baracat, conhecemos muita gente: políticos como Roberto Campos, cantores cuiabanos, atores, reitores de universidades. Era uma vida interessante. Ana Zilda, minha namorada, era manequim e desfilava para as melhores marcas de sapatos femininos da região. Ela me levava junto a ...

Minhas Memórias - Capitulo 26

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    Capítulo 26 - A VIAGEM (O Barraco e a Índia) Era um grupo grande. Garotos e garotas dividiam o mesmo espaço no acampamento do Mutuca. Era uma área plana à beira do rio, bastante arborizada. As barracas se espalhavam entre as árvores. Havia muitas redes amarradas e uma grande fogueira no centro, onde um grupo de meninas cozinhava alguma coisa. O lugar era muito bonito. Assim que Chico estacionou o carro, um grupo correu em nossa direção, mas não visualizei Edilson. Chico fez as apresentações e eu me apressei a perguntar se Edilson estava no acampamento. Minha preocupação estava nas malas que ficaram no hotel; pagamos apenas uma diária e o prazo vencia às 12 horas da manhã seguinte. Uma índia muito linda, cor de jambo, magra, alta, de dentes brancos, cabelos lisos e negros, pés finos e delicados, com uma fala mansa e deliciosa, ofereceu-se para me levar até Edilson. Ela pegou na minha mão e foi me puxando por entre as barracas, perguntando sobre como era o Rio de Janeiro, o ...

Minhas Memórias - Capitulo 25

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  Capítulo 25 - A Viagem Choveu a noite inteira. Paulo e eu estávamos em uma boate gay localizada dentro de uma galeria no bairro de Copacabana. O clima era de comemoração. Ao sairmos da boate, sentamos na porta de um bar ao lado, que já havia fechado, e conversamos até o dia amanhecer. Não tínhamos sono; o assunto era a viagem para Rondônia. O fato de Paulo ir comigo havia sido um upgrade naquela história, que parecia um tanto nebulosa no começo. Era uma viagem longa, e uma companhia seria muito bem-vinda. A galeria começou a ficar movimentada, o dia já estava claro, as lojas começaram a abrir, a chuva deu uma trégua. Paulo foi embora, e eu fui até a padaria comer alguma coisa. Eu precisava de um banho, estava suado, a roupa pinicava meu corpo. Era uma mistura de suor e sujeira, e meu cabelo, nossa!!! Eu estava me sentindo o próprio cocô do cavalo do bandido. Eu precisava de um banho urgente. Fui até o apartamento da Duvivier e, após os procedimentos habituais, tomei um bom banho,...

Minhas Memórias - Capitulo 24

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  Capítulo 24 - A Luz no Fundo do Poço Meu pai foi um vendedor muito bom; pelo menos, foi o que meus tios me contaram. Isso não significa que eu tenha herdado esse dom. Na transportadora, eu fazia uma espécie de venda, mas nada parecido com o que meu pai fazia. Eu ficava sentado em um escritório com ar-condicionado, duas telefonistas, vários ramais e uma secretária experiente. Era uma espécie de venda executiva, pois os clientes já constavam na carteira da empresa. Na verdade, eram os clientes que me procuravam para solicitar cotações de preços e condições para os seus transportes. Tudo regado a muita conversa e uísque. Muito diferente de carregar uma sacola cheia de meias no ombro e andar por aí batendo de porta em porta oferecendo meias coloridas. Em momento algum eu achei que seria fácil, mas era o que eu tinha para garantir alguns trocados. Eu precisava ter um mínimo que me garantisse alimentação e, se possível, o aluguel do quarto. Com a sacola nas costas, ia apertando os inte...

Minhas Memórias - Capitulo 23

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    Capítulo 23 - Do Topo ao Fundo do Poço O departamento comercial da TVR (Transportadora Volta Redonda) ficava na sala da subgerência da filial Rio, na Pavuna. Era uma empresa estruturada, com um pátio enorme, oficinas, caminhões próprios, espaços para cargas especiais; enfim, era uma das grandes empresas de Engenharia de Transportes do Brasil. Trabalhávamos juntos: o subgerente, um rapaz de nome Gândara e eu. Atendíamos os assistentes de vendas pela manhã e, eram cinco, em seguida dávamos atenção aos clientes através dos vários telefones e ramais da empresa. Tudo relacionado a fretes, transportes, reclamações e marketing passava obrigatoriamente pelo setor. Além do transporte de ferro e aço, transportávamos também equipamentos gigantes como geradores, barcos, aviões, etc., chamados de transportes especiais. Foi um grande aprendizado. Meu trabalho era conversar com os clientes, dando assistência sobre os assuntos relacionados a transportes realizados e a novos possíveis cont...

Minhas Memórias- Capitulo 22

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    Capítulo 22 - TV GLOBO/TVR Logo que comecei a trabalhar na TV Globo, providenciei minha mudança para um quarto alugado no bairro do Humaitá. O estúdio não era um local adequado para se morar; serviu em um momento de emergência, mas, a partir daquele emprego, a necessidade havia terminado. O quarto ficava bem mais próximo da emissora e me permitia ir e voltar do trabalho a pé. A situação financeira continuava bastante apertada. O salário só dava para pagar o aluguel e me alimentar por uns dias. Fui designado para assumir a sonoplastia do departamento de promoções da TV Globo. Minha função era criar trilhas sonoras de quinze segundos para servir de fundo às claquetes da pré-censura, um trabalho que me fez aprender muito e com um dos melhores profissionais do Brasil, o Sr. Joaquim Carneiro Gomes. Pré-censura, para quem não viveu no regime militar, era um documento emitido pelo governo federal que autorizava a exibição de um respectivo programa, em um respectivo horário e para...